As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são um tema de extrema importância para a saúde pública e para a vida íntima das pessoas. Apesar de comuns, ainda há muita desinformação, preconceito e tabu em torno do assunto. Neste post, vamos explicar o que são as ISTs, como se diferenciam das DSTs, os tipos mais comuns, seus sintomas, exames de diagnóstico e tratamento. Tudo isso com uma linguagem simples, atualizada e acessível.
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O que é IST?
A sigla IST significa infecção sexualmente transmissível, substituindo o termo DST (doença sexualmente transmissível). A mudança no nome veio para destacar que nem todas as infecções apresentam sintomas ou se manifestam como uma doença logo no início. Ou seja, uma pessoa pode ter uma IST e não saber, transmitindo a infecção sem perceber.
As ISTs são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos e são transmitidas, principalmente, pelo contato sexual desprotegido, vaginal, oral ou anal. Algumas também podem ser transmitidas de mãe para filho durante a gestação ou o parto, ou ainda pelo compartilhamento de agulhas e objetos perfurocortantes.
IST CID: como são classificadas?
No sistema de classificação de doenças utilizado mundialmente (CID-10), as ISTs estão incluídas principalmente nos códigos A50 a A64, que abrangem sífilis, gonorreia, clamídia, entre outras. Esses códigos são usados por médicos e profissionais de saúde para registrar diagnósticos e tratamentos.
Além disso, outras infecções como HIV (B20 a B24), hepatites virais (B15 a B19) e o HPV (A63.0) também fazem parte das ISTs, embora tenham classificações diferentes dentro do CID. Saber o CID ajuda na organização dos dados de saúde e no acesso a tratamentos adequados pelo SUS.
IST ou DST: ainda há diferença?
Por muito tempo, o termo usado era DST (doença sexualmente transmissível), mas atualmente a nomenclatura correta é IST. A principal diferença entre os termos é que a infecção pode estar presente no organismo sem manifestar sintomas, enquanto a doença pressupõe sintomas visíveis e já instalados.
Essa mudança é importante para reforçar a ideia de que é possível ter uma IST sem perceber, por isso a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais. Campanhas do Ministério da Saúde e de instituições médicas já utilizam o termo IST de forma padronizada.
Como as ISTs afetam a fertilidade?
Algumas infecções sexualmente transmissíveis não tratadas podem afetar diretamente a fertilidade de homens e mulheres. Clamídia e gonorreia, por exemplo, podem causar inflamações pélvicas, obstrução das trompas e infertilidade feminina.
Nos homens, essas infecções podem provocar inflamações nos testículos e canais deferentes, comprometendo a produção e transporte de espermatozoides. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento correto são essenciais para a preservação da fertilidade e da saúde reprodutiva.
Tipos de IST e seus sintomas
As ISTs podem se manifestar de diversas formas e têm agentes causadores distintos. Abaixo listamos as mais comuns no Brasil:
Sífilis
Causada por uma bactéria, a sífilis apresenta estágios distintos. No início, surgem feridas indolores nos órgãos genitais, ânus ou boca. Em estágios mais avançados, podem aparecer manchas pelo corpo e sintomas neurológicos graves se não tratada.
Em 2023, o Brasil registrou 242.826 casos de sífilis adquirida, resultando em uma taxa de detecção de 113,8 casos por 100.000 habitantes
Gonorreia
É uma infecção bacteriana que causa dor ao urinar, secreção amarelada e, em casos mais graves, dor pélvica. Pode atingir o útero e as trompas nas mulheres, e os testículos nos homens, afetando a fertilidade.
Clamídia
Assim como a gonorreia, pode ser silenciosa. Quando apresenta sintomas, incluem dor ao urinar, corrimento e desconforto durante o sexo. Se não tratada, pode causar doença inflamatória pélvica.
HPV
O vírus do papiloma humano pode causar verrugas genitais e lesões no colo do útero, que, em alguns casos, evoluem para câncer. Muitos portadores não apresentam sintomas, tornando o acompanhamento ginecológico essencial.
Herpes genital
Caracteriza-se pelo aparecimento de pequenas bolhas doloridas, coceira e ardência na região íntima. Embora não tenha cura, pode ser controlada com antivirais para reduzir crises e transmissibilidade.
HIV
O vírus da imunodeficiência humana compromete o sistema imunológico. Pode permanecer assintomático por anos, mas evolui para AIDS sem tratamento. É essencial fazer o teste e iniciar o tratamento precoce.
Hepatites B e C
Essas infecções virais afetam o fígado e podem ser transmitidas pelo sexo desprotegido. Os sintomas incluem cansaço, febre, enjoo e pele amarelada. O diagnóstico precoce evita complicações graves e infertilidade dos homens.
Como são feitos os exames para IST?
O diagnóstico de uma IST é feito por meio de exames laboratoriais, clínicos e entrevistas com profissionais de saúde. Os testes mais comuns incluem:
- Exame de sangue: usado para detectar sífilis, HIV, hepatites, entre outras.
- Exame de urina: identifica infecções como gonorreia e clamídia.
- Exames de secreção: analisam amostras coletadas da região genital.
- Papanicolau e colposcopia: detectam alterações causadas por HPV em mulheres.
Esses exames são oferecidos gratuitamente pelo SUS, em unidades de saúde e centros de testagem e aconselhamento (CTA). É fundamental realizar os testes periodicamente, mesmo sem sintomas aparentes.
IST tem cura?
Muitas infecções sexualmente transmissíveis têm cura, principalmente as causadas por bactérias, como sífilis, gonorreia e clamídia, que são tratadas com antibióticos. O sucesso do tratamento depende do diagnóstico precoce e do uso correto da medicação.
Já as ISTs causadas por vírus, como HIV e herpes, não têm cura, mas podem ser controladas com tratamentos contínuos que melhoram a qualidade de vida e reduzem o risco de transmissão. O acompanhamento médico é essencial em qualquer caso.
Prevenir é sempre o melhor caminho
A informação é uma das maiores aliadas no combate às ISTs. Saber como elas se manifestam, como se prevenir e quando procurar ajuda pode fazer toda a diferença na sua saúde sexual e reprodutiva.
Utilizar preservativos, realizar exames regularmente e manter o diálogo aberto com parceiros e profissionais de saúde são atitudes simples que salvam vidas. Cuidar de si mesmo é também cuidar do outro.